Letícia Marques, membro do Colegiado Escolar e mãe dos estudantes Ian e Miguel fala sobre empreendedorismo no Jornal Hoje em Dia. Esperamos por um bate papo com nossos estudantes da EJA!
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A
massagista Letícia Marques produz amigurumis nas horas de folga: “Não
são minha única fonte de renda, mas ajudam bastante no orçamento”
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Microempreendedores
e autônomos aproveitam o fim do ano para fazer um ‘pé-de-meia’
e engordar o Natal. São fotógrafos, manicures, artesãos,
confeiteiras, entre outros, que, muitas vezes, viram a noite para
faturar mais. A tarefa é árdua, mas compensadora. Em alguns casos,
as vendas superam em 70% o registrado nos meses convencionais. Em
outras, em uma semana o profissional recebe o que ganharia em todo o
mês de janeiro. “Janeiro é um mês fraco. Por isso, fazemos
trabalho de formiguinha. Trabalhamos no ‘Inverno’ para descansar
no Verão”, diz a fotógrafa Lau de Castro.
No
mercado de fotografia há 21 anos, ela apostou nos miniensaios de
Natal para alavancar a renda em 2018. A receita é simples e o
resultado é de encher os olhos. “Eu e uma amiga, a fotógrafa Ana
Boaventura, dividimos um estúdio em Lourdes. Nele, foram montados
três cenários: um de Natal tradicional, um mais clean, com bichos
de pelúcia, e outro de Réveillon”, explica. O investimento foi de
aproximadamente R$ 15 mil.
Podem
participar os filhos e os pais. O cliente tem direito a 20 fotos
on-line. Se ele gostar de mais alguma, paga à parte. “É um ensaio
emocionante. A pessoa só precisa trazer a roupa de casa. Os
acessórios nós temos”, diz Lau. Além dos ensaios de Natal, ela
afirma que os eventos realizados no final de ano, como formaturas e
casamentos, ajudam a incrementar a renda.
A
fotógrafa destaca, ainda, que as contas do começo do ano pedem um
reforço. “Temos que pagar IPVA, matrícula de escola, material
escolar, entre outras várias contas. Entra mais dinheiro em dezembro
e sai mais em janeiro”, pondera.
Encontrar
um horário vago na agenda da maquiadora Bella Lobo no fim do ano não
é fácil.Com a proximidade do Natal, mesmo nos dias de semana ela
costuma ter trabalho. Como reflexo, nessa época o faturamento sobe
40%. “Além das formaturas e dos ensaios de Natal, têm as
confraternizações de Natal. E muita gente gosta de ir maquiada”,
afirma.
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A doceira Renata Leão consegue faturar até 70% mais no Natal e investe em cursos para ampliar as vendas |
Ela,
que já passou por um dos salões mais conceituados de Belo
Horizonte, diz que não abre mão de trabalhar por conta própria,
especialmente no fim do ano.
“Antes, eu trabalhava com o meu
material e recebia uma porcentagem do salão. Agora, monto pacotes,
atendo nas casas das clientes e ganho bem mais”, afirma.
Bella
comenta que costuma atender várias pessoas de uma mesma família em
um mesmo dia. “Se tem uma formatura, atendo a formanda e a família
dela. Às vezes, as amigas também”. Para atrair os clientes ela
usa o instagram. “A maioria dos meus clientes chega até mim porque
vê foto de algum conhecido nas redes sociais e gosta”, ressalta.
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Miniensaios fotograficos têm alavancado a renda da fotógrafa Lau de Castro |
Foi
por meio do Instagram que a doceira Renata Leão, da marca Charme de
Cozinha, recebeu as primeiras encomendas, há cerca de um ano e
meio.Desde então, ela tem se especializado cada vez mais para atrair
os clientes.
O
investimento tem dado certo. No Natal ela fatura 70% a mais do que
nos outros meses. “Comecei fazendo para a família no auge da
crise, quando meu marido perdeu o emprego. Hoje, participo de muitos
cursos para melhorar o meu produto e a aceitação é cada vez maior.
Ele já voltou a trabalhar, mas os doces ajudam muito na renda”,
enfatiza.
Massagista amplia em 50%
os ganhos com amigurumis
Em
outubro, a massagista Letícia Marques começa a preparar o estoque
de amigurumis para o Natal. Muito populares no Japão, os bonequinhos
de crochê caíram no gosto de Letícia quando ela viu uma peça
feita pela vizinha. Habilidosa, a profissional apostou na técnica
para incrementar a renda. E deu certo. No fim do ano, ela costuma
vender 50% a mais do que nos meses anteriores.
“Os
amigurumis não são a minha única fonte de renda, mas ajudam
bastante no orçamento. Faço à noite, quando meus filhos dormem, ou
quando não estou em atendimento”, afirma.
Das
agulhas de crochê sai de tudo. Ela cria bonequinhos, polvos, peixes,
sapos, tartarugas e outros. No Natal, o Papai Noel e a árvore também
são “esculpidos” pelas mãos de Letícia. Eles demoram cerca de
quatro dias para serem confeccionados.
Os
clientes costumam comprar o trabalho da artesã para presentear. Para
isso, ela também produz peças menores, que demoram cerca de duas
horas para ficarem prontas.
A
manicure Erika Silva teve bebê há uma semana, mas já prepara o
retorno ao trabalho para o início do mês que vem. O motivo é
simples. Em uma semana de dezembro, ela, que atende no bairro Nova
Cintra, recebe mais do que em todo janeiro. “Trabalho com unha de
fibra, de gel e várias outras técnicas. Minhas clientes são muito
fiéis. Se eu me esforçar em dezembro, em janeiro posso ficar mais
uns dias em casa com o meu filho”, explica.
ALÉM
DISSO
Natal
é uma época que mexe com a emoção das pessoas. Por isso, antes de
iniciar a venda de algum produto, o empreendedor deve saber quem é o
público que ele quer atingir, focando o trabalho naquele segmento.
“Se
a pessoa quer vender bombons para as pessoas presentearem os colegas
de trabalho, ela não deve investir em caixas vermelhas de coração.
Nesse caso, ela pode fazer uma embalagem mais sóbria, com frases que
remetam ao sucesso”, exemplifica o analista do Sebrae-MG, Haroldo
Santos.
Ele
enfatiza que ninguém consegue atingir todos os públicos, motivo
pelo qual as vendas de muitos empreendedores costumam ser baixas.
“Tem muita gente vendendo chocolate. Mas qual será o seu
diferencial? O que chama a atenção”, questiona.
Colocar
preço é outro desafio. Segundo Santos, o empreendedor precisa
entender que o custo do produto é diferente do valor percebido pelo
cliente. “Se você vende um bolo, já é esperado que ele seja
gostoso. Isso é o mínimo. É necessário, no entanto, causar um
impacto no cliente. Faça um bolo com formato diferente, capriche na
embalagem. Você vai gastar pouco a mais, mas o faturamento será bem
maior”, diz.
Para
quem ainda não começou a produzir para o Natal, a dica do analista
do Sebrae-MG é fazer algo com o qual a pessoa se identifica. Algo
que ela domina. Se a pessoa sabe cozinhar e tem muitos amigos que
comemoram o Ano Novo, por exemplo, ela pode fazer pratos para a ceia.
Referência
MORAES, Tatiana. Empreendedores apostam nas festas de fim de ano para fazer o 'pé-de-meia'. Hoje em Dia. Belo Horizonte. 24nov. 2018. Disponível em <http://hoje.vc/247ps>. Acesso em 26 de novembro de 2018.